18 Março 2009 - 20h33
'Dois Homens’ no Teatro Municipal de Almada
Kafka inspira peça de Vieira Mendes
A obra de Franz Kafka serviu de inspiração ao dramaturgo José Maria Vieira Mendes (n. 1976) para escrever ‘Dois Homens’, monólogo que acaba de estrear na Sala Experimental do Teatro Municipal de Almada, interpretada por Ivo Alexandre e encenada por Carlos Pimenta, e ficará em cena até 5 de Abril.
Texto: Numa peça que evoca textos conhecidos do autor de Praga falecido precocemente (em 1924, com apenas 41 anos) – nomeadamente ‘O Artista da Fome’ – quem vai ao Teatro Municipal de Almada é confrontado com uma personagem, ‘K.’, atormentada entre dois sentimentos aterradores: a humilhação e a culpa. Humilhação porque desde a infância que o Mundo lhe parece um lugar ameaçador que o faz sentir-se pequeno e insignificante. Culpa porque, talvez mercê da educação judaico-cristã, quem pode fugir-lhe?
Carlos Pimenta diz que escolheu o texto por duas razões: porque segue atentamente a carreira do jovem Vieira Mendes; e porque Kafka lhe interessa sobremaneira. “Produziu uma obra muito crítica relativamente ao ambiente social e político do seu tempo”, explica. “As suas parábolas sobre a subordinação, a procura de um lugar de pertença, a incapacidade de agir sem culpa ou a autocensura, as hierarquias e os condicionamentos de ordem moral e social constituem, hoje, temas centrais para reflexão.”
Num dispositivo cénico inusitado – o público instala-se em volta de um estrado onde o actor constrói, aos olhos do espectador e ao longo de pouco mais de uma hora, uma espécie de abrigo de madeira – ouvimos ‘K.’ falar, interminavelmente, dos seus receios. Diz que alguém o prendeu. “Vieram dois homens.” Mas o público não vislumbra ninguém. A única coisa que vê é ‘K.’ a construir a sua própria prisão. Porque no final, ironia das ironias: é o medo de ‘K.’ que o torna prisioneiro.
'Dois Homens’ no Teatro Municipal de Almada
Kafka inspira peça de Vieira Mendes
A obra de Franz Kafka serviu de inspiração ao dramaturgo José Maria Vieira Mendes (n. 1976) para escrever ‘Dois Homens’, monólogo que acaba de estrear na Sala Experimental do Teatro Municipal de Almada, interpretada por Ivo Alexandre e encenada por Carlos Pimenta, e ficará em cena até 5 de Abril.
Texto: Numa peça que evoca textos conhecidos do autor de Praga falecido precocemente (em 1924, com apenas 41 anos) – nomeadamente ‘O Artista da Fome’ – quem vai ao Teatro Municipal de Almada é confrontado com uma personagem, ‘K.’, atormentada entre dois sentimentos aterradores: a humilhação e a culpa. Humilhação porque desde a infância que o Mundo lhe parece um lugar ameaçador que o faz sentir-se pequeno e insignificante. Culpa porque, talvez mercê da educação judaico-cristã, quem pode fugir-lhe?
Carlos Pimenta diz que escolheu o texto por duas razões: porque segue atentamente a carreira do jovem Vieira Mendes; e porque Kafka lhe interessa sobremaneira. “Produziu uma obra muito crítica relativamente ao ambiente social e político do seu tempo”, explica. “As suas parábolas sobre a subordinação, a procura de um lugar de pertença, a incapacidade de agir sem culpa ou a autocensura, as hierarquias e os condicionamentos de ordem moral e social constituem, hoje, temas centrais para reflexão.”
Num dispositivo cénico inusitado – o público instala-se em volta de um estrado onde o actor constrói, aos olhos do espectador e ao longo de pouco mais de uma hora, uma espécie de abrigo de madeira – ouvimos ‘K.’ falar, interminavelmente, dos seus receios. Diz que alguém o prendeu. “Vieram dois homens.” Mas o público não vislumbra ninguém. A única coisa que vê é ‘K.’ a construir a sua própria prisão. Porque no final, ironia das ironias: é o medo de ‘K.’ que o torna prisioneiro.
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