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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
domingo, 2 de janeiro de 2011
Antigono - em ensaios
A reconstrução contemporânea de Antigono
Prevista para estrear no Centro Cultural de Belém em Janeiro de 2011, é uma proposta da orquestra Divino Sospiro, que tem a seu cargo a direcção artística da sua reconstrução.
O primeiro trabalho relativo a Antigono diz respeito à preparação e transcrição da partitura e libreto originais para formato digital. Esse trabalho demorado e minucioso coube ao musicólogo inglês, residente em Portugal, Nicholas Mcnair. Entretanto, já em posse da partitura, o director artístico do Divino Sospiro, Massimo Mazzeo e o seu maestro, Enrico Onofri realizaram audições a cantores em Roma e em Lisboa, ainda em 2009. Esta tarefa difícil tinha em mente escolher as vozes mais adequadas a cada personagem, uma vez que se tinham de substituir os admiráveis recursos vocais dos castrati, por vozes de cantores com capacidades técnicas para os requisitos musicais da partitura. As novas tendências da música antiga, e ao contrário do que acontecia recentemente, dão preferência às vozes femininas no preenchimento destes lugares, em detrimento dos contra-tenores. De facto, à falta de qualquer registo representativo da voz de um castrato, pensa-se que as vozes femininas sejam mais fieis a esse som, do que o falsete de um contra-tenor. Foi assim escolhido um elenco de seis artistas internacionais de grande qualidade, de entre os quais figura o nome da soprano portuguesa Ana Quintans. A execução musical, dirigida por Enrico Onofri, estará a cargo dos músicos do Divino Sospiro que tocam em instrumentos de época.
Uma das grandes preocupações desta reconstrução respeita ao cenário e dispositivo cénico. Tratando-se de uma reposição contemporânea, ela teria que saber interpretar não só o espírito da obra e da época, como também a cenografia de Bibiena. Ao mesmo tempo, o recurso ao realismo histórico estava, naturalmente, fora de questão, nem ele seria possível, uma vez que os cenários de Antígono não foram ainda identificados. A solução chega pelas mãos do encenador Carlos Pimenta, que opta pelo vídeo e o desenho digital em tempo real, realizado por António Jorge Gonçalves. Assim, o cenário virtual desta produção será construído no decorrer da própria récita e desenhado à medida das necessidades de cada cena. O desenho e as técnicas digitais são assim, duzentos e cinquenta e seis anos depois, a resposta contemporânea ao génio de Bibiena.
Luisa Taveira